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DERROTA DA DIREITA NA FRANÇA

Voto popular derrota extrema-direita na França

Macron Decisively Defeats Le Pen in French Presidential Race


FRANÇA - Sem surpresa Emmanuel Macron venceu a segundo turno das presidenciais francesas, realizadas dia 7, derrotando por larga margem a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.


Macron obteve 66,10 por cento dos votos, contra 33,90 por cento alcançados por Le Pen.  Liberal e europeísta, Macron não despertou particular simpatia dos franceses, desiludidos com as políticas anti-sociais de sucessivos governos sociais-democratas e de direita.
O expressivo resultado que alcançou na segunda volta (ao contrário da primeira volta em que apenas recolheu 24 por cento dos sufrágios), traduziu a esperada concentração de votos para travar o ascenso da extrema-direita.
Apesar disso, a abstenção atingiu 25,44 por cento dos inscritos, a mais alta desde 1969, e os votos brancos e nulos registaram um recorde de 11,47 por cento dos sufrágios.
Agora, Macron tem pela frente o desafio das legislativas, cujo desfecho irá determinar a correlação de forças no parlamento e será decisivo para a definição das políticas do novo governo.



Paralelo entre Macron e Doria


O cientista político brasileiro, Mathias Alencastro, faz um paralelo entre o prefeito de São Paulo e o líder do movimento Em Marcha, “não para ver as semelhanças, mas as diferenças”. Os dois políticos se apresentaram como candidatos da renovação política. Ao contrário de João Doria, “Emmanuel Macron rompeu com seu padrinho político, que era o socialista François Hollande, (…) e criou um partido, um movimento de raiz que desestabilizou todo o sistema partidário da França”, lembra. Resta saber se ele vai concretizar sua ambição de “implodir o sistema”. Já o prefeito de São Paulo, do PSDB, “relegitimou um sistema em crise, (…) continua numa relação de subjugação com seus padrinhos políticos e (…) é representante do segundo maior partido nacional”.


Ciro Gomes, o Mélenchon do Brasil?


O significado dessa eleição presidencial ultrapassa a fronteira da França e sinaliza o fim do ciclo social-democrata na Europa, de acordo com Alencastro. Derrotas históricas de partidos da esquerda tradicional foram registradas na Inglaterra, Espanha, Itália e agora na França, com o péssimo resultado obtido pelo Partido Socialista do presidente François Hollande, que não era candidato a reeleição.
“Embora seja difícil fazer generalizações, o fato é que o modelo social-democrata que procurou uma via social liberal nos anos 90 e que parecia ter atingido quase uma hegemonia (…) fracassou e é muito improvável que tenhamos a oportunidade de ver um partido social-democrata reconquistar o poder”, prevê. Ele salienta que, mais do que uma lição, a derrota do Partido Socialista francês deveria servir de alerta para o Partido dos Trabalhadores, no Brasil, que poderia ter o mesmo destino: “O PT chegou ao fim de um ciclo político de joelhos ao aliados do PMDB e agora se encontra frente a uma oposição forte, vinda da direita e também da esquerda, pelo Ciro Gomes”. Alencastro acredita que se Lula não conseguir se firmar como candidato do PT, o que deve ser muito improvavel, seu sucessor terá muitas dificuldades em ganhar o voto da esquerda frente a Ciro Gomes, “que pode ser para o PT o que o Mélenchon foi para o Partido Socialista francês, ou seja, uma pessoa que colocou o prego no caixão.”


Na Europa

O PCP salientou «positivamente a rejeição pelo povo francês de Marine Le Pen e do seu projecto de extrema-direita e xenofobia».
No entanto, observa que «a eleição de Emmanuel Macron como presidente de França representa o aprofundamento das políticas que são causa da actual crise económica e social em França e da manutenção dos factores que alimentam o crescimento da extrema-direita neste país.
«Apresentando-se como um movimento que se anuncia como “novo”, Emmanuel Macron não representa qualquer “virar de página”, mas sim a intensificação do programa de exploração e de retrocesso social em França e de aprofundamento do rumo neoliberal, militarista e federalista da União Europeia segundo os interesses do grande capital francês e europeu que tem vindo a ser prosseguido, nomeadamente pelos governos de Nicolas Sarkozy e François Hollande.
«Recordando as condições de estado de excepção, de profunda frustração popular face às repetidas promessas de mudança em França e na União Europeia e de grande pressão e condicionamento político em que se realizaram as eleições presidenciais em França, o PCP considera que os seus resultados expressam o descontentamento e o protesto do povo francês face às políticas que a direita e a social-democracia têm levado a cabo em França e na União Europeia, penalizando os seus mais directos e tradicionais protagonistas, e ao contrário da campanha em curso, de modo algum autorizam a legitimação do processo de integração capitalista europeu».
O PCP expressou «solidariedade à luta dos trabalhadores e do povo francês em defesa dos seus direitos e soberania, na continuidade das suas melhores tradições de luta pela liberdade, o progresso social e a paz»

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