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NOVA AMEAÇA NUCLEAR NA PENINSULA COREANA

EUA avançam o escudo antimíssil
China e Rússia denunciam ameaça


Pequim e Moscou acusaram o governo norte-americano de manipular a questão nuclear na península coreana para ali instalar um sistema de mísseis que, dizem, ameaça a sua segurança e de toda Asia.

Em declaração oficial no dia 15, o governo da República Popular da China expressou a sua «firme oposição às tentativas dos países implicados [EUA, Coreia do Sul e Japão] em prejudicar os interesses estratégicos e de segurança da China, trazendo e utilizando a questão nuclear como pretexto».
Na base das «sérias preocupações» manifestadas pelas autoridades chinesas está o anúncio de Washington e Seul, com o apoio e estímulo de Tóquio, de instalação de um sistema antimíssil no território Sul da península coreana.
O argumento invocado pelos EUA e pela Coreia do Sul é o que consideram ser a crescente ameaça da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), particularmente vincada, alegam, depois do lançamento de um super-foguete para colocar um satélite em órbita.
A Coreia do Norte reclama o uso pacífico do espaço exterior, e como entretanto também os EUA colocaram em órbita um aparelho semelhante, Pyongyang veio a público reiterar aquele direito, noticiou a agência informativa da Coreia do Norte, KCNA.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou, o lançamento norte-coreano sublinhando que a iniciativa não contribui para o desanuviamento militar na região. Porém, não existe consenso quanto à acusação veiculada pelos EUA ou pela UE, entre outros, de que o recente envio de um satélite para o espaço serviu para disturbar um teste de tecnologia para mísseis balísticos por parte da RPDC.

  Um mero pretexto

Agora, para a China, o escudo que os EUA pretendem instalar na Coreia do Sul «cobre um raio de ação que vai muito além das necessidades de defesa da península coreana», sublinhou um porta-voz de Pequim na já referida comunicação à imprensa.
Acrescenta, nota Pequim, que o sistema norte-americano provocaria uma corrida aos armamentos e cavaria ainda mais fundo o fosso que separa a Coreia do Norte do conjunto de países que procuram há anos negociar com aquele um acordo sobre desenvolvimento nuclear.
Na terça-feira, 9, a Federação Russa já havia expressado ao embaixador da Coreia do Sul acreditado na capital russa a sua apreensão para com um sistema que, à semelhança daquele que os EUA pretendem instalar na Europa, o Kremlin encara como uma ameaça direta à sua segurança
Os russos frisam que «os radares (...) vão controlar o espaço aéreo da Coreia do Norte e de algumas regiões russas», e salientam tratar-se de «mais um passo na criação de um escudo antimíssil global pelos Estados Unidos»
Para mais, Moscou entende que «o lançamento do super-foguete [da RPDC] foi uma boa desculpa para anunciar o início das negociações [sobre o escudo antimíssil na península coreana]. Seul justifica esta decisão com a sua própria segurança e os Estados Unidos com a obrigação de defender os aliados», conclui.

Alta tensão


O Pentágono fez chegar a semana passada ao Congresso norte-americano um relatório em que garante que Pyongyang não possui tecnologia para desenvolver um projéctil capaz de atingir o território dos EUA. A cúpula militar nota mesmo que na Coreia do Norte a fiabilidade de um tal sistema de armamento é «reduzida».
O aparente fato não desmotivou o Congresso dos EUA, que aprovou o endurecimento das sanções contra o país asiático. A questão ficou pendente na última discussão do Conselho de Segurança da ONU em que se abordou o tema.
A RPDC foi condenada pelas Nações Unidas após os testes nucleares realizados em 2006, 2009 e 2013. O suposto teste ocorrido a 6 de Janeiro deste ano (em Washington manteve-se a dúvida razoável sobre ter-se tratado de um movimento de propaganda), avolumou as preocupações da dita «comunidade internacional».
O atual regime sancionatório imposto pelos EUA pode atingir empresas chinesas, tidas como fornecedoras de tecnologia à Coreia do Norte. O presidente da comissão dos Assuntos Estrangeiros do Senado assegurou, porém, que «o objetivo não é punir a China».
Neste contexto volátil e dado a movimentos bruscos que fazem pender sobre a Humanidade o perigo de um conflito de proporções devastadoras, EUA e Coreia do Sul realizaram, durante o fim-de-semana de 13 e 14 de Fevereiro, amplos exercícios navais. Nas manobras militares participou um submarino de propulsão nuclear norte-americano.

Washington e Seul iniciaram um novo «jogo de guerra» de iguais características.
A Casa Branca pondera enviar já em Março um porta-aviões nuclear para a Coreia do Sul, país que se encontra tecnicamente em guerra com a Coreia do Norte – o conflito na península, na primeira metade da década de 50 do século passado, foi interrompido por um armistício que nunca deu lugar a um tratado de paz, e muito menos à reclamada reunificação pacífica do povo coreano.

Os EUA mantêm mais de 28 mil militares na Coreia do Sul. Após o lançamento do super-foguete com o satélite norte-coreano, os EUA destacaram para o território sul-coreano um bombardeiro B52 e reforçaram o número de mísseis Patriot no país.

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