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AUMENTA PRESSÃO LATINO-AMERICANA PELA INDEPENDÊNCIA DE PORTO RICO

Managua, 12 abr (Prensa Latina)
O respaldo do presidente Daniel Ortega à luta independentista de Porto Rico e à causa da Venezuela ante o decreto dos Estados Unidos.
 
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em seu discurso na Cúpula das Américas afirmou que o presidente norte-americano, Barack Obama, disse ao presidente do Partido Independentista Portorriquenho, Rubén Berríos, integrante da delegação nicaraguense, que estava disposto a conversar com os integrantes da luta independentista de Porto Rico.
 
O Partido Independentista Portorriquenho é um partido político de Porto Rico, fundado em 1946. O PIP (Partido Independentista Puertorriqueño) é um dos três partidos políticos oficialmente reconhecidos em Puerto Rico. Sua trajetória política é pelo reconhecimento de Puerto Rico como uma república independente, distante da estrutura econômica colonial que engessa os acordos e tratados comerciais com outros países. O seu presidente, Rubén Berríos Martínez é também o Presidente honorário do IS, partido Internacional Socialista. Durante o Congresso Latino-americano e Caribenho pela Independência de Porto Rico, ocorrido nos dias 18 e 19 de novembro do ano de 2006 na Cidade do Panamá, foi constituído um Comitê Permanente de Trabalho do Congresso Latino-americano e Caribenho pela Independência de Porto Rico.

 Ortega pediu a libertação do patriota Puertorriqueño Oscar López Rivera, que tem permanecido durante 34 anos em prisão por "lutar pela independência".
O presidente da Nicarágua igualmente declaro seu apoio a Venezuela, ante ao decreto emitido por Obama, que qualifica Venezuela como um país sul-americano que ameaça a segurança dos Estados Unidos.

Durante sua intervenção na reunião, o chefe de Estado aludiu a que Washington teve um gesto com Cuba (em referência à vontade de diálogo para restabelecer relações diplomáticas), e um golpe para Venezuela e a unidade regional ante a ordem executiva.

O que temos de Caracas na região são programas solidários, de complementariedade e comércio justo, assegurou Ortega, que disse que oxalá Estados Unidos "competisse com Venezuela nesse campo", e contribuísse como o faz, sem condições, o povo bolivariano. Afirmou que a nação de Sul-américa está levando um exemplo de solidariedade a América Latina e o Caribe, e considerou que a política norte-americana não é a de um presidente, mas a de um império.
 
Em recente comunicado, o Partido Independente Porto-riquenho (PIP) anunciou uma nova campanha internacional para pressionar os Estados Unidos (EUA) pela descolonização da Ilha. Na III Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), celebrada em San José, na Costa Rica (em janeiro de 2015), o presidente da PIP, Rubén Berríos, solicitou o apoio internacional para que cesse o colonialismo e seja proclamada a independência do país.

"Mais cedo ou tarde, os Estados Unidos se verão forçados a assumirem sua responsabilidade descolonizadora, primeiro, pela vontade do povo, já expressa no plebiscito passado e, segundo, pela pressão que os diversos governos latino-americanos farão, uns em público e outros em privado, sobre o governo estadunidense para que assuma essa responsabilidade. Creio que este é um dia de júbilo para todos os que, em Porto Rico, desejam a descolonização.”, declarou Berríos.
A participação de Berríos na Cúpula Celac trouxe o assunto à pauta internacional, atraindo a atenção de importantes meios de comunicação. Pela primeira vez, Porto Rico teve voz em um evento oficial entre países. Na ocasião, o presidente da PIP pode dialogar com os chefes de estado e negociar parcerias, a exemplo da relação já estabelecida com Cuba e, agora, com a Venezuela, Equador e Nicarágua. Berríos foi designado como assessor da Presidência da Nicarágua em matéria de Política Internacional e Descolonização, integrando a delegação da Nicarágua na Cúpula das Américas, no Panamá.
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Território não incorporado dos EUA, Porto Rico luta por sua independência. 
 
 
A Campanha do PIP coincide com a "Operação Resposta Boriquenha”, comandada pelos EUA a partir deste mês. A operação consiste em uma manobra militar estadunidense para praticar respostas diante de eventos catastróficos que provoquem graves danos à infraestrutura, resultando em grandes quantidades de mortos e feridos e até protestos violentos. Exercício semelhante já foi executado em 2011, quando os EUA mediram a capacidade de Porto Rico em manejar milhares de mortos em um suposto evento catastrófico. 
Participam da Operação, além de soldados e das agências federais de Porto Rico, os altos comandos dos EUA, observadores de Honduras e da República Dominicana. São mais de 400 eventos simulados na capital San Juan, na cidade de Ponce e na base militar Acampamento Santiago.
Porto Rico é composto por um arquipélago, que inclui a ilha principal de Porto Rico e uma série de ilhas menores, localizadas na parte oriental do mar do Caribe, a leste da República Dominicana e a oeste das Ilhas Virgens. Território não incorporado dos EUA, o país foi conquistado pela Espanha em 1493 e cedido aos EUA em 1898. Em 1950, foi declarado "Estado Livre Associado” aos Estados Unidos.
Em entrevista exclusiva à Adital, a co-presidente do Movimento Independentista Nacional Hostosiano de Porto Rico (MINH), Wilma Esther Reverón Collazo, fala sobre o forte domínio estadunidense sobre Porto Rico e as novas roupagens do colonialismo, que têm perseguido e agredido a cultura da ilha.
Adital - De que maneira o reinício das relações diplomáticas entre Cuba e EUA influencia no fortalecimento do movimento pela independência?
Wilma Esther Collazo - Cuba sempre tem sido nossa voz nos momentos mais difíceis para eles. Nunca desistiram nem negociaram a solidariedade com nossa luta. Che [Guevara] disse em seu discurso na ONU que o apoio e solidariedade à luta pela independência de Porto Rico são um sentimento que afasta os verdadeiros antiimperialistas daqueles que não são. Se Cuba não vacilou em nos dar apoio, mesmo sob as mais incríveis tensões em sua relação com os EUA, e tendo ganhado o respeito à sua dignidade e soberania no mundo, Cuba se converteu em um interlocutor mais efetivo até mesmo quanto à nossa luta pela independência, porque é o país que melhor nos conhece, além dos independentistas portorriquenhos. Os EUA sabem que Cuba não vai renunciar a nos apoiar. Levarão muito a sério o que Cuba tenha a dizer a respeito.
Adital: Atualmente, qual é a posição dos portorriquenhos que vivem na ilha sobre a independência?
WEC - A independência e os independentistas gozam do respeito e da distinção dos portorriquenhos. A verticalidade e honestidade são sinônimos de ser independentista. Quando o povo quer uma voz e uma pessoa que sabe que não os trairá ou se venderá, conta com osindependentistas. O povo, no entanto, necessita ganhar confiança na sua capacidade de sobreviver como país independente. O apoio à independência, numericamente, é difícil de contabilizar porque nem todos os independentistas votam. Alguns sustentam uma posição a princípio de não votar nas eleições, por serem realizadas dentro de um sistema colonial, como são os nacionalistas. Há grupos que operam na clandestinidade e há vários grupos que trabalham a partir da sociedade civil, como a nossa organização (MINH). Exemplo disso é que no último plebiscito, que foi boicotado pelos setores independentistas pela falta de legitimidade, ou seja, que nem todos os independentistas votaram, a independência obteve 5,54% dos votos, enquanto o Partido Independentista Porto-Riquenho (PIP) obteve 2,52%. Portanto, o voto pelo PIP não é reflexo do apoio, força ou fraqueza da luta pela independência. Há um movimento independentista mais amplo, embora siga sendo minoritário. Não obstante, o apoio à soberania de Porto Rico mantendo alguma relação com os EUA tem crescido e se aproximado cada vez mais das posições independentistas. Nesse mesmo plebiscito, os que se identificam como Estado Livre Associado Soberano, obtiveram 33,32% dos votos positivos. O apoio à anexação obteve 61,63%. No entanto, no universo de votos, já que o Partido Popular Democrático (PPD) chamou ao voto em branco nessa votação, esses números mudam dessa forma: "anexação”, 44,61%, ELA Soberano, 24,32%, Independência, 4,04%, e votos em branco (boicote PPD), 26,04%.
Adital: Há alguma vantagem na atual forma de relação política e econômica com os EUA?
WEC - Fora poder ir visitar nossos familiares nos EUA, muito poucas ou nenhuma. Os EUA têm destruído nossa agricultura, o comércio local, nosso meio ambiente em cada estágio de um suposto desenvolvimento econômico, o que sempre tem se focado nas ganâncias de suas empresas privadas. Porto Rico, hoje, importa 85% de seus alimentos dos EUA, o que tem que ser feito pela marinha mercante dos EUA, a mais cara do mundo. Suas multinacionais, como Wal-Mart, têm destruído o comércio nacional portorriquenho, suas redes de farmácias, Walgreens e CVS, têm destruído as farmácias nacionais portorriquenhas. A Coca Cola tem monopolizado as marcas principais de café portorriquenho, um dos produtos de exportação mais importantes do país, levando em consideração que a agricultura representa somente 0,4% da atividade econômica. A Monsanto opera aqui monopolizando as melhores terras agrícolas. Os EUA controlam nossa aduana e nossa imigração, e nossa ilha tem se convertido em uma ponte principal de narcotráfico entre os EUA e a América do Sul. Os EUA controlam nossas comunicações (rádio e TV requerem licenças da Comissão Federal de Comunicações - FCC). Controlam nosso espaço aéreo através da Agência Federal de Aviação (FAA). O Tribunal dos EUA para o Distrito de Porto Rico tomou decisões que impactaram negativamente nos pecuaristas produtores de leite, nos avicultores, nas farmácias de Porto Rico, nos esforços do atual governo para reestruturar a dívida das empresas públicas. Os EUA favoreceram a venda do Aeroporto Internacional de Porto Rico a uma empresa mexicana (Aerostar). De fato, o grande mito da dependência acaba sendo desmentido.
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Segundo Wilma, multinacionais como Wal-Mart e redes de farmácias, como Walgreens e CVS, têm destruído o comércio nacional porto-riquenho. A Coca Cola tem monopolizado as marcas principais de café porto-riquenho. 


O que corresponde os $13,814 milhões que nos chegam, anualmente, dos Estados Unidos? Desses, $8,902 milhões vão para indivíduos que, de diversas formas, já pagaram. Aí estão: o Seguro Social, que nós trabalhadores pagamos durante a nossa idade produtiva; as pensões que ganharam os Veteranos arriscando sua vida, saúde e estabilidade emocional; os salários dos empregados das instalações federais em Porto Rico (Correios, Aeroportos, Agentes Federais, etc.) e outros direitos adquiridos. Do total de transferências, somente $4,912 milhões são verdadeiros aportes do governo federal dos EUA ao Doverno da Ilha. 
Você sabia que de Porto Rico saem para os Estados Unidos cerca de $58,100 milhões anuais? O prejuízo dessa sangria é como segue: $34 milhões em ganâncias das empresas estadunidenses radicadas em Porto Rico, $ 22,600 milhões em bens de consumo que compramos dos Estados Unidos; e $ 1,500 milhões que nos custa o uso obrigatório da marinha mercante desse país por causa das Leis de Cabotagem.
O balanço é totalmente desproporcional e negativo para Porto Rico: dos Estados Unidos entram na Ilha $13,814 milhões e de Porto Rico saem para os Estados Unidos $58,100 milhões anuais. Uma diferença de $44,286 milhões anuais em favor dos Estados Unidos. Mau negócio para Porto Rico.
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Porto Rico importa hoje 85% de seus alimentos dos EUA através da marinha mercante estadunidense, a mais cara do mundo. 


Adital - Quais são as perspectivas reais de que Porto Rico conquiste a independência? Quais são os principais desafios dessa luta?
WEC - As perspectivas de conseguir a independência a cada dia são melhores. A colônia provocou a crise: falência fiscal, desemprego, emigração em massa, empobrecimento da classe média, criminalidade insustentável, assassinatos, decomposição social generalizada. Na medida em que vemos a América Latina progredir no geral, em sua luta pela soberania econômica, a libertação do controle dos EUA e de suas instituições, como o Banco Mundial e o FMI [Fundo Monetário Internacional], e na medida em que o apoio da América Latina à nossa descolonização cresce vertiginosamente, mostrando que Porto Rico não está só, que tem um continente de quase 600 milhões de irmãos e irmãs dispostos a ajudar a nos colocar de pé por si só, sem que isso signifique um salto no vazio, nessa medida a cada dia nos aproximamos mais da possibilidade de independência. O principal desafio: o que lhes parece ser a colônia do império militar industrial mais poderoso do mundo?
Adital - O que ganha os EUA com a submissão de Porto Rico?
WEC - Porto Rico é um mercado cativo; dos Estados Unidos entram na Ilha $13,814 milhões e de Porto Rico saem para os Estados Unidos $58,100 milhões anuais. Uma diferença de $44,286 milhões anuais a favor dos Estados Unidos. É um enclave militar, de espionagem da América Latina, e é uma forma de deslocar a fronteira dos EUA até o Caribe.
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Dados apontam que dos EUA entram na Ilha $13,814 milhões e de Porto Rico saem para os EUA $58,100 milhões anuais. Uma diferença de $44,286 milhões anuais a favor dos EUA. 


Adital - No caso de haver independência, como será a situação dos portorriquenhos que vivem nos EUA? Poderá o país manter-se economicamente sem EUA?
WEC - Os portorriquenhos nos EUA são cidadãos portorriquenhos e sempre serão parte da nossa pátria. Como já expliquei, os EUA são o país que se beneficia economicamente da relação com Porto Rico. Esses $58,100 milhões que são levados, produzidos por nossos trabalhadores, poderíamos estar produzindo para investi-los aqui. Somos um país cheio de talento industrial, científico, artístico, cultural e, sobretudo, humano. Não somos melhores do que outros, mas também não somos menos que qualquer outro povo do planeta. Não há nenhum impedimento, que me lembro, do colonizado poder viver livre, como é a condição natural dos povos. O direito à independência é um direito natural, inalienável e irrenunciável.
Adital - Qual é, hoje, politicamente, a avaliação que se faz da luta pela independência? Houve avanços ou retrocessos? Em que áreas principalmente?
WEC - Tem havido grandes avanços no apoio, que está se solidificando na região. A Celac, os países da Alba TCP [Aliança Bolivariana das Américas], têm expressado, de forma contundente, o apoio à nossa ânsia descolonizadora. A recente intervenção do presidente da PIP, Rubén Berríos Martínez, na III Cúpula dos Chefes de Estado da Celac (em janeiro deste ano, na Costa Rica), graças à generosidade do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, evidencia o salto quantitativo que está recebendo a nossa luta. Os retrocessos que têm havido são devido à divisão dentro do movimento independentista. No entanto, a história nos ensina a superar ferozes divisões internas para apreender os destinos de seus povos, assim há de ser nossa luta pela independência. Não se pode perder de vista que o movimento independentista sofreu uma intensa perseguição, que inclui ataques com bombas, incêndios de espaços e casas, ameaça de milhares de independentistas pela Polícia de Porto Rico e o FBI, assassinatos, discriminação em empregos e atividades econômicas, prisão e fabricação de supostos casos. Referem-se ao programa conhecido como Cointelpro, a versão alemã da Operação Condor. Ainda assim, aqui seguimos em pé de luta.
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Para o MINH, o direito à independência é um direito natural, inalienável e irrenunciável. 


Adital - Como está a situação de Oscar López Rivera? Qual é sua importância, atualmente, para o movimento independentista?
WEC - Oscar cumprirá este ano 34 anos de cárcere pelo delito de sedição, sem que lhe seja vinculado nenhum ato em específico, nem ato violento algum. Foi o mesmo delito que usaram na África do Sul para condenar à prisão Nelson Mandela. Oscar já está a mais anos encarcerado do que Mandela. Oscar é o símbolo máximo da nossa capacidade de resistência e luta. Seu coração de granito e diamante é irredutível, incorruptível e inabalável. Todo o povo de Porto Rico, independentemente de sua ideologia, apóia sua libertação.
Adital: Wilma finaliza a entrevista com a mensagem...
WEC - Nunca esqueçam que Porto Rico, como disse Rubén Berrios, é o verso que faltou ao poema libertário de Bolívar. Os portorriquenhos são latino-americanos e caribenhos, como foi reconhecido pela Celac e pela Alba TCP. Nossa luta é parte da luta da América Latina para que se respeite a soberania. Se os irmãos e irmãs latino-americanos querem empurrar o colosso do norte de volta, Porto Rico tem que ser livre e independente. Do contrário, a garra da rapina estadunidense estará sempre encravada, ameaçando o mar do Caribe. A América Latina não será nunca totalmente livre até que Porto Rico seja livre. Assim, entenderam desde Bolívar, Betances, Martí e Hostos até Fidel, Che e Chávez.
 
 
 
 
 

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