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SWISS LEAKS - ESCÂNDALO QUE EXPÕE O CINISMO DA MÍDIA

 

Frias da Folha, Saad da Band, Lily Marinho da Globo e os rapazes da Veja: a mídia que tenta derrubar Dilma esconde dinheiro na Suiça – a hipocrisia acabou!

 
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A família Frias, dona da “Folha”, está lá. A família Saad, da “Band”, também. A viúva do Roberto Marinho (dona Lily, ou seja, a madrasta de João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu – donos bilionários da Globo) também está na lista dos empresários de mídia que mandaram sua grana para a Suiça.
É um escândalo a expor a hipocrisia de quem pretende derrubar  Dilma (“porque ela roubou” – sem que haja uma mísera prova concreta contra a presidenta), atuando em parceria com essa turma de famílias midiáticas com dinheiro na Suiça.
Vamos entender a história…
Um ex-funcionário do HSBC na Suiça entregou todo o papelório das contas, que chegou às mãos de jornalistas do ‘Le Monde’. Ao perceber o tamanho da encrenca (há ricaços de dezenas de países metidos com a trambicagem), os franceses resolveram dividir os documentos com o ICIJ (um consórcio de jornalistas).
A diretora do ICIJ (a senhora Walker Guevara) resolveu “escolher” apenas um jornalista para decifrar o conteúdo de mais de 8 mil contas da elite brasileira: Fernando Rodrigues, do UOL/Folha. Estranhamente, ele passou a divulgar apenas as contas relacionadas ao caso Petrobras. Disse que era preciso ver se havia “interesse público” envolvido nos demais casos.
O Fernando é jornalista correto; foi ele quem noticiou a compra de votos de FHC para a reeleição (jamais investigada). Mas nesse caso HSBC, cumpriu um triste papel. Claramente, estava sob pressão pra segurar os nomes. Agora, entendemos tudo. Ele trabalha para a família Frias – dona do UOL/Folha. O irmão de Otavinho, Luís Frias (operador administrativo do grupo), está na lista Suiça.
Amaury Ribeiro Jr (jornalista premiado, que integrava o ICIJ) pediu pra ter acesso ao papelório. A senhora Walker deu a ele uma resposta desaforada. E Amaury então se retirou do ICIJ. Logo depois (ah, que surpresa), a senhora Walker decidiu que mais um “órgão de imprensa” teria direito de ver os papéis: “O Globo” – clique aqui pra saber mais.
Pois bem, é “O Globo” quem agora faz os  vazamentos (leia o texto ao fim deste post).
Percebam: a tentativa é de controlar os nomes, seguir na linha dos vazamentos seletivos, e com a menor exposição possível. Mas eles sabem que não é possível segurar tudo…
A matéria de “O Globo” explica que Lily Marinho abriu a conta com sobrenome de seu primeiro marido (Carvalho, também jornalista). Ou seja, a tentativa é dar a entender que a sujeira não tem a ver com os Marinho – mas com o falecido Carvalho.
Há nomes menos importantes na nova lista:
- a família Dines (filhos de Alberto Dines – jornalista ‘impoluto que em 1964 defendeu o golpe militar e depois se arrependeu);
- a família Bloch (da extinta e falida Manchete – a empresa faliu, a família, pelo visto, mando sua grana pra Suiça);
- Ratinho (aquele que berra, e pede “justiça” na TV);
- Mona Dorf (jornalista que divide bancada na Jovem Pan com Reinaldo Azevedo, no programa “Pingos nos Is” – tribuna de onde acusam o governo petista – e só o governo petista – de todas as mazelas brasileiras).
Há algumas questões a ponderar:
1- manter dinheiro no exterior pode não ser crime, desde que se declare no Imposto de Renda; mas é estranho (você aí, que está nos lendo, tem conta na Suiça? Por que diabos um jornalista brasileiro vai abrir uma conta na Suiça?)
2 – Fernando Rodrigues dizia que não podia revelar outros nomes porque era preciso apurar se ‘havia interesse público’; supomos que ‘O Globo” siga a mesma norma, então a conclusão é de que agora há interesse público; mas a matéria não esclarece qual – Houve desvio? Sonegação? É uma reportagem na linha: “já que o estrago é inevitável, que pelo menos sejamos nós a explodir a bomba’”.
3 – Circulam informações de que há mais nomes relacionados à mídia e ao tucanato. “Artistas da Globo no Projac estariam preocupados”, revela-me uma fonte muito bem informada. Talvez, Chico Otavio (como aconteceu com Fernando no UOL) esteja impedido de noticiar mais. Mas as informações vão aparecer. Tenham certeza.
Por último, uma observação: Mona Dorf (a quem conheço há mais de 20 anos) resolveu fazer coro às barbaridades de Reinaldo Azevedo num dos programas mais abjetos da imprensa brasileira. Poucas semanas antes, havia me procurado, para sondar possibilidades de trabalho. Ok, todo mundo precisa ganhar a vida, eu sei… Mas lamento que, na mesma semana, ela apareça ao lado de Reinaldo como a dupla do moralismo hipócrita:
- Mona Dorf com conta na Suiça (ok, aguardemos as explicações da Mona; não vou fazer o que ela e o amigo fazem na rádio, não vou condená-la porque não sou juiz);
- Reinaldo Azevedo (o herói da moralidade)  citado numa planilha da Camargo Correia (clique aqui para ler o bom trabalho jornalístico de Conceição Lemes, no VioMundo, em que isso aparece) da Operação Castelo de Areia, com seu nome associado a “Revista A”, “50.000,00″, “Andrea Matarazo” (este último, vereador e operador do tucanato). Claro, ele não foi investigado, a operação foi barrada na sensacional Justiça brasileira. Mas o nome está lá na planilha da empreiteira.
Essa é a turma do golpe. A turma do moralismo seletivo.
É preciso divulgar amplamente essa lista, para perguntar ao brasileiro comum: você acha que essa turma (Frias, Saad, Reinaldos e outros que ainda surgirão na lista do HSBC) está preocupada em “limpar o Brasil”? Ou quer que tudo “volte a ser como antes” – quando o dinheiro (deles) podia circular alegremente, sem que PF, MPF e a internet estivesse de olho?
A hipocrisia acabou. A casa caiu.
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Lista do HSBC tem empresários de mídia
Donos de veículos de comunicação, herdeiros e jornalistas estão entre os correntistas do banco na Suíça
Na lista dos 8.667 brasileiros que, em 2006 e 2007, tinham contas numeradas no HSBC da Suíça, aparecem donos, diretores e herdeiros de veículos de comunicação, além de jornalistas.
Um levantamento feito pelo GLOBO, em parceria com o UOL, com base nos documentos oficiais que foram vazados por um ex-funcionário da instituição financeira, indica que há ao menos 22 empresários e sete jornalistas brasileiros entre os correntistas do HSBC suíço.
Os correntistas localizados negaram a existência das contas e qualquer irregularidade.
Nos documentos, constam os nomes de proprietários do Grupo Folha, ao qual pertence o UOL. Tiveram conta conjunta naquela instituição os empresários Octavio Frias de Oliveira (1912-2007) e Carlos Caldeira Filho (1913-1993).
Luiz Frias (atual presidente da Folha e presidente/CEO do UOL) aparece como beneficiário da mesma conta, que foi criada em 1990 e oficialmente encerrada em 1998. Em 2006/2007, os arquivos do banco ainda mantinham os registros, mas, no período, ela estava inativa e zerada.
Quatro integrantes da família Saad, dona da Rede Bandeirantes, também tinham contas no HSBC na época em que os arquivos foram vazados.
Constam entre os correntistas os nomes do fundador da Bandeirantes, João Jorge Saad (1919-1999), da empresária Maria Helena Saad Barros (1928-1996) e de Ricardo Saad e Silvia Saad Jafet, filho e sobrinha de João Jorge.
Lily de Carvalho, viúva de dois jornalistas e donos de jornais, Horácio de Carvalho (1908-1983) e Roberto Marinho (1904-2003), aparece na lista. Horácio de Carvalho foi proprietário do extinto “Diário Carioca”. Roberto Marinho foi dono das Organizações Globo, hoje Grupo Globo, ao qual pertence O GLOBO.
O nome de Lily surge nos documentos com o sobrenome de Horácio, seu primeiro marido, e o representante legal da conta junto ao HSBC é a Fundação Horácio de Carvalho Jr. O saldo registrado em 2006/2007 era de US$ 750,2 mil. Lily morreu em 2011.
Do Grupo Edson Queiroz, dono da TV Verdes Mares e do “Diário do Nordeste”, estão Lenise Queiroz Rocha, Yolanda Vidal Queiroz e Paula Frota Queiroz (membros do conselho de administração). Elas tinham US$ 83,9 milhões em 2006/2007. Edson Queiroz Filho também surge como beneficiário da conta. Ele morreu em 2008.
Luiz Fernando Ferreira Levy (1911-2002), que foi proprietário do jornal “Gazeta Mercantil”, que não existe mais, teve conta no HSBC em Genebra entre os anos de 1992 a 1995.
Dorival Masci de Abreu (morto em 2004), que era proprietário da Rede CBS de rádios (Scalla, Tupi, Kiss e outras), foi correntista da instituição financeira na Suíça entre 1990 a 1998.
João Lydio Seiler Bettega, dono das rádios Curitiba e Ouro Verde FM, no Paraná, tinha conta ativa em 2006/2007. O saldo era de US$ 167,1 mil.
Fernando João Pereira dos Santos, do Grupo João Santos, que tem a TV e a rádio Tribuna (no Espírito Santo e em Pernambuco) e o jornal “A Tribuna” tinha duas contas no período a que se refere os documentos. O saldo delas era de US$ 4,4 milhões e US$ 5,6 milhões.
Anna Bentes, que foi casada com Adolpho Bloch (1908-1995), fundador do antigo Grupo Manchete, fechou sua conta no ano 2000.
O apresentador de TV Carlos Roberto Massa, conhecido como Ratinho e dono da “Rede Massa” (afiliada ao SBT no Paraná) tinha uma conta com sua mulher, Solange Martinez Massa, em 2006/2007. O saldo era de US$ 12,5 milhões.
Aloysio de Andrade Faria, do Grupo Alfa (Rede Transamérica), tinha US$ 120,6 milhões.
Os sete jornalistas que aparecem nos registros do HSBC são Arnaldo Bloch (“O Globo”), José Roberto Guzzo (Editora Abril), Mona Dorf (apresentadora da rádio Jovem Pan), Arnaldo Dines, Alexandre Dines, Debora Dines e Liana Dines, filhos de Alberto Dines. Fernando Luiz Vieira de Mello (1929-2001), ex-rádio Jovem Pan, teve uma conta, que foi encerrada em 1999.
As contas de Bloch e Guzzo estavam encerradas. Mona tinha US$ 310,6 mil. Os quatro jornalistas Dines guardavam US$ 1,395 milhão.
* Participaram também da apuração desta reportagem os jornalistas Fernando Rodrigues e Bruno Lupion (do UOL)
** A investigação jornalística multinacional é comandada pelo ICIJ, sigla em inglês para Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (www.icij.org)
por Rodrigo Vianna
 
 
Um dos maiores escândalos financeiros de todos os tempos se desenrola na Suíça e tem como epicentro o braço de finanças privadas do HSBC, banco britânico com origem em Hong Kong, e suas repercussões ecoam por quase todo o mundo. Menos no Brasil.
 
Swiss Leaks não é um endereço na internet: é o nome dado à investigação jornalística independente sobre a gigantesca operação de fraude fiscal de que é acusada a subsidiária do HSBC em Genebra. Mais de 180 bilhões de euros teriam passado pelas contas de 100 mil clientes e operadas por 20 mil empresas offshore em transações do banco no período até aqui investigado.
 
A reportagem foi produzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) a partir de vazamentos produzidos por um ex-funcionário do banco, o engenheiro de software Hervé Falciani, e entregue a autoridades da França em 2008 (ver aqui). Desde então, mais de 130 jornalistas vêm trabalhando na apuração dos dados, em 49 países.
 
Somente esse esforço jornalístico deveria merecer da imprensa brasileira muito mais do que uma nota curta perdida num pé de página ou o interesse restrito em nomes de empreiteiros e doleiros envolvidos na Operação Lava Jato. Se não fosse pela grandiosidade dos números, que revelam a extensão das fraudes que sustentam grandes fortunas por todo o mundo, seria de se esperar que um jornalismo minimamente objetivo se interessasse ao menos por um fato revelado na investigação: são muitos os milionários brasileiros citados nos documentos, e não apenas os 11 nomes ligados de alguma forma ao escândalo da Petrobras.
 
O mapa da lavagem
 
O que os jornais brasileiros temem revelar? Não erra quem imaginar que entre as 6.066 contas suspeitas de 8.667 clientes que ligam o banco suíço ao Brasil podem ser encontrados nomes surpreendentes. Sabe-se, por exemplo, que os donos do grupo argentino de comunicação Clarín estão na lista.
 
Para se ter uma ideia da extensão do escândalo, basta citar que as contas ilegais, pelas quais foram fraudados os tesouros de dezenas de países, incluem políticos da Inglaterra, Rússia, Ucrânia, Geórgia, Quênia, Romênia, Índia, Liechtenstein, México, Líbano, Tunísia, República do Congo, Ruanda, Zimbábue, Paraguai, Djibuti, Senegal, Venezuela, Filipinas e Argélia.
 
Trata-se de um mapa precioso para o rastreamento de dinheiro desviado por políticos corruptos, ditadores, além de contrabandistas de armas e diamantes e traficantes de drogas.
O banco privado onde circulava esse dinheiro era parte do conglomerado Republic Bank de Nova York, que foi comprado pelo grupo britânico do banqueiro Edmond Safra, judeu de origem libanesa que se naturalizou brasileiro. Safra morreu em dezembro de 1999, quando era finalizada a negociação, em um incêndio provocado por dois supostos assaltantes que invadiram seu luxuoso apartamento em Montecarlo.
 
O noticiário da época conta que Safra havia informado autoridades dos Estados Unidos que o Republic Bank estava sendo usado pela máfia russa para lavar dinheiro. O enredo inclui ainda agentes do serviço secreto israelense, que treinaram seus seguranças particulares, e outros detalhes instigantes, entre eles o fato de os supostos ladrões terem entrado e saído com facilidade de um dos edifícios mais protegidos da capital do principado de Mônaco.
 
A mídia nacional não parece curiosa, por exemplo, com o fato de que o Brasil é o nono país na lista dos maiores valores encontrados nas contas suspeitas: US$ 7 bilhões pertencentes a brasileiros ou estrangeiros com negócios no Brasil foram encontrados no HSBC Private Bank.
 
O texto da reportagem do ICIJ observa que nem todo dinheiro listado nos documentos é ilegal, mas autoridades de vários países estão examinando todos os negócios do banco.
No Brasil, o assunto é acompanhado apenas por um ou outro blogueiro: nossa imprensa entende que esse é um escândalo dos outros.
Por Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa

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