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Graça Machel visita a Prefeitura de São Paulo para discutir políticas afirmativas


No encontro com a viúva de Nelson Mandela e do líder moçambicano Samora Machel, Haddad destacou lei municipal que reserva 20% das vagas para negros em concursos públicos do município. Fernando Haddad recebeu nesta segunda-feira (24) a viúva do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e do líder moçambicano Samora Machel, Graça Machel. Durante o encontro, Graça destacou o papel de programas implementados no país nos últimos anos para o avanço nas conquistas da população negra.



Para ela, a criação do Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o início das discussões da Lei de Cotas, que garante a reserva de 50% das matrículas nas instituições federais de educaçãoa alunos oriundos do ensino médio público, foram fundamentais para as conquista que a população negra alcançou no país nos últimos anos."Viemos aqui primeiro para agradecer, mas depois para encorajar os seus esforços por uma maior inclusão das comunidades mais desfavorecidas, em particular as negras, na participação e exercício de direitos", afirmou Graça.



Haddad destacou que os feitos foram apenas o começo. "Eu acho que a gente fez um trabalho muito honrado com o movimento [negro] brasileiro. É uma dívida histórica que ainda não foi paga. Mas tivemos um começo apenas. Não faltou força de vontade, entusiasmo para que nós atingíssemos os primeiros indicadores que permitem ao Brasil sondar e, quem sabe um dia até superar, o que foi a escravidão. Muitos negros hoje podem almejar os níveis mais elevados da educação, talvez pela primeira vez em suas famílias. Agora é possível sonhar - e sonhar alto", disse o prefeito.



Na ocasião, Haddad lembrou que a Prefeitura tem lutado pelos direitos dos negros. Além da criação da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, a administração municipal aprovou uma lei que destina um quinto das vagas em concursos públicos da cidade de São Paulo à população negra.



"Aqui na Prefeitura nós abrimos uma nova frente de luta, que é a adoção de cotas, sobretudo nas carreiras mais bem remuneradas. Nós reservamos 20% das vagas em todos os concursos públicos [municipais] para autodeclarados negros", afirmou.



Haddad destacou que no último concurso realizado para a contratação de procuradores do município, dos 70 empossados, 18 eram negros. Esta relação de 20% era antes, neste caso, de apenas 1%. Dos 300 procuradores que existiam, apenas 3 eram negros. "Isso vai vai mudar até a maneira da cidade se ver. A própria atuação deles vai estar baseada no desejo de fazer da nossa cidade uma cidade para todos", disse.



Outubro/2014: Prefeitura de São Paulo incentiva ações afirmativas em empresas da capital


A Prefeitura de São Paulo reuniu empresas, entidades e poder público para discutir iniciativas que favoreçam o desenvolvimento social inclusivo e igualdade no trabalho. O prefeito Fernando Haddad abriu o Fórum São Paulo Diverso, evento de incentivo ao debate de políticas de inclusão em órgãos públicos e privados.




“Temos um desafio grande em São Paulo. No mundo do trabalho temos muito o que fazer, o setor público está dando exemplo e eu estou feliz em saber que empresários vão adotar políticas com foco na diversidade. Vão ter ganhos não só internos à empresa, mas o ganho social vai trazer consequências positivas em toda sociedade”, afirmou Haddad.



Em abril deste ano, a Prefeitura instituiu em São Paulo, por meio da Lei 15.939/2013, o sistema de cotas raciais para ingresso de negros no serviço público municipal, reservando 20% das vagas para os cargos efetivos, empregos públicos e os cargos em comissão. Outra iniciativa de inclusão mencionada pelo prefeito foi a universalização do atendimento em creches das crianças cujas famílias estão abaixo da linha da pobreza, por meio do programa Mais Educação São Paulo.



O objetivo do fórum, realizado em parceria Banco Interamericano de Desenvolvimento, é colocar em discussão novas políticas públicas que incentivem as empresas a valorizar a diversidade em seu quadro de funcionários, principalmente por meio de ações afirmativas. “Quero anunciar duas medidas que eu quero trabalhar a partir deste fórum. Uma é dialogar com o setor privado para a constituição de um banco de talentos, para oferecer às empresas talentos negros, mulheres e com deficiência. A segunda é que nossa secretaria será municiada de consultores para colaborar com as empresas na produção de um programa de diversidade”, disse o secretário Antonio da Silva Pinto (Promoção da Igualdade Racial). Segundo Antonio Pinto, as propostas são construídas em diálogo com as empresas, de acordo com as diferentes necessidades e perfis de cada tipo de negócio.



Para a ministra Luiza Helena de Bairros (Políticas de Promoção de Igualdade Racial), as ações afirmativas são políticas que aliam inclusão e desenvolvimento econômico. “Nós como país não temos mais tempo. Até porque você deixar para mais tarde a decisão da inclusão significa condenar à exclusão mais da metade da população brasileira. E obviamente nós como país não podemos fazer uma escolha de desenvolvimento que deixe para trás mais da metade da população”, afirmou Luiza de Barrios.



Para auxiliar a criação de políticas de inclusão, a Prefeitura irá conhecer melhor as características do mercado de trabalho paulistano por meio de uma parceria com o Instituto Ethos. Na próxima edição de Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas, pesquisa realizada pela entidade e pelo Ibope, serão incluídas no levantamento as principais empresas fornecedoras da Prefeitura. Haverá também, entre os resultados do estudo, um recorte nas principais empresas de grande porte cujas sedes se localizam na capital.


De acordo com a última edição da pesquisa nacional, entre 2003 e 2010 a participação de negros nos quadros funcionais aumentou de 23,4% para 31,1%. Nos cargos de supervisão, a evolução foi de 13,5% para 25,6%. No âmbito gerencial, a participação subiu de 8,8% para 13,2%. Entre os executivos, a proporção variou de 2,6% para 5,3%. Mas em relação aos salários, um homem negro ganha 30% menos do que um branco para executar as mesmas tarefas.


Fórum

O encontro foi realizado no Instituto Carrefour, na Granja Julieta, zona sul e reúniu até cerca de 200 empresários, representantes de entidades e agentes públicos. Além do prefeito Fernando Haddad, participou da abertura do evento, a embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde; a representante do Banco Internacional do Desenvolvimento (BID) no Brasil, Daniela Carrera Marquis; o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão; e o presidente do Carrefour, Charles Desmartis.


Entre os temas discutidos ao longo do dia estão: desenvolvimento social, economia, comportamento organizacional, empreendedorismo, normas e práticas trabalhistas. Entre os palestrantes houve a oratória de empresários como o diretor Global de Diversidade da Coca-Cola, John Lewis; o vice-presidente da Johnson & Johnson do setor Pesquisa e Desenvolvimento do Consumidor para a América Latina, Samuel Santos; e a diretora do escritório brasileiro da Organização Internacional do Trabalho, Lais Abramo.



Estiveram presentes no evento a vice-prefeita Nádia Campeão e os secretários Artur Henrique (Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo), Leonardo Barchini (Relações Internacionais e Federativas) e Mariane Pinotti (Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida).



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