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ESCANDALOS ABALAM A CAPACIDADE NORTEAMERICANA DE FAZER GUERRA

Escândalos abalam as Forças Armadas
dos Estados Unidos
As Forças Armadas dos Estados Unidos foram abaladas nos últimos meses por uma lista grande de denúncias sobre escândalos sexuais, corrupção, subornos e outras condutas que evidenciam faltas éticas recorrentes, desde oficiais de alto escalão até soldados.


No final de 2012, o departamento de Defesa dos EUA ordenou uma revisão dos parâmetros morais para os altos oficiais e emitiu um memorando que instaurou várias orientações gerais para os integrantes dos serviços armados, destacou o jornal diário The Washington Post.
A magnitude destes fatos levou o secretário de Defesa, Charles Hagel, a exigir no começo de fevereiro uma prestação de contas exaustiva sobre a profundidade do panorama anti-ético que afeta a estrutura militar estadunidense.
De acordo com o jornal militar Stars and Stripes (Estrelas e listras), Hagel deu um prazo de 60 dias a seus principais assessores para elaborarem um plano de ação com o fim de identificar estes "problemas sistêmicos dentro das forças armadas".
Marinha de Guerra
 
A Marinha de Guerra enfrenta um espiral de escândalos sexuais e de corrupção, assim como um incidente de fraude com jogos ilícitos que envolveu um almirante, que utilizava fichas de contrabando em um casino.
O Congresso, por sua vez, iniciou uma investigação sobre um escândalo de suborno a oficiais da Armada relacionados com a companhia Glenn Defense Marine Asia (GDMA), que há décadas fornece serviços aos navios de guerra estadunisenses que visitam portos em nações asiáticas.
Promotores federais acusam a empresa e seu presidente em particular, o cidadão malaio Leonard Glenn Francis, de superfaturamento por mais de 20 milhões de dólares. Além disso, os documentos da corte alegam que Francis subornou numerosos oficiais em troca de que priorizassem as visitas das unidades navais a instalações portuárias que favorecessem sua companhia, podendo assim obter maiores lucros por serviços aos navios e tripulações.
 
Em setembro passado, agentes federais prenderam Francis e três oficiais, enquanto outros militares, entre eles o vice-almirante Ted Branco, diretor de Inteligência Naval, e o contra-almirante Bruce Loveless, chefe de Operações Navais, foram afastados de seus cargos e aguardam julgamento. Este corpo operacional investiga também acusações de fraude contra uma quinta parte dos instrutores de uma escola para operadores de reatores nucleares navais.
O almirante John Richardson, diretor do programa de propulsão nuclear da Marinha, revelou em conferência de imprensa detalhes de um caso de fraude durante as provas de aptidão em um centro de Charleston, Carolina do Sul, onde são capacitadas tripulações que operam as dezenas de submarinos e porta-aviões movidos por energia atômica.
Aproximadamente 30 efetivos de alto escalão ofereceram informação a seus colegas sobre as provas, mediante informação compartilhada entre computadores nas moradias dos marinheiros, o que poderia ser uma violação das normas de segurança, já que os dados sobre as operações dos reatores nucleares é secreta, explicou Richardson.
Força aérea
Um total de 92 oficiais foram suspensos de seus cargos e foram impostas restrições de acesso a instalações a outros 20, o que implica que 15% dos militares do país encarregados dos mísseis estejam agora no centro da investigação, destacou um artigo do diário Stars and Stripes.
O Pentágono anunciou no dia 15 de janeiro que uma investigação sobre possível uso de drogas descobriu que um grupo de militares conheceram antecipadamente e compartilharam entre si as respostas a uma prova na qual deveriam mostrar habilidades operacionais para manejar os foguetes balísticos intercontinentais (ICBM) Minuteman 3.
Em outubro de 2013, o general Michael Carey, que estava encarregado das instalações de ICBM, foi expulso de seu posto por estar em estado de embriaguez durante um exercício nuclear no exterior, sendo substituído pelo major general Jack Weinstein.
No começo de fevereiro, o major David Riley, de 37 anos, oficial da Força Aérea nas instalações de Fort McNair, Washington, foi preso e enfrenta acusações pelo envio de imagens "extremamente explícitas" de pornografia infantil a um agente policial encoberto desde dezembro de 2013, segundo uma nota oficial do Escritório de Investigações Especiais da instituição armada.
Exército
 
O departamento de Defesa pesquisa dois generais e várias dezenas de coronéis envolvidos em um escândalo de fraude a grande escala, vinculado ao programa de recrutamento do Exército.
A investigação inclui mais de 200 oficiais suspeitos de dilapidar ao redor de 100 milhões de dólares como incentivos que deveriam ser entregues a membros em serviço ativo, da reserva e outros civis, que trabalhavam como recrutadores informais para cumprir as metas de inscrição de jovens.
Para cada um dos inscritos, o mediador responsável recebia entre dois e 7.500 dólares, prática que se estendeu a vários setores da instituição para cumprir os planos de suas unidades, revelou um relatório apresentado perante o Congresso pelo chefe do Comando de Investigações Criminosas do Exército, general David Quantock.
O programa parecia ser efetivo e durante vários anos contribuiu com quase 40% dos recrutas. No entanto, os investigadores detectaram que os promotores falsificavam os resultados de sua gestão e colocavam em suas estatísticas pessoas já inscritas ou com identidades falsas, segundo informou Stars and Stripes.
Relatórios oficiais revelam que durante os últimos três anos as demissões nas filas do Exército triplicaram devido a condutas associadas ao consumo de drogas, álcool e os frequentes casos de abusos sexuais.
Segundo os dados, em 2010, um total de 119 oficiais estadunidenses tiveram que abandonar o serviço por má conduta, enquanto que em 2013 a cifra aumentou a 387. As próprias estatísticas revelam que, no caso dos soldados, o número passou de 5.600 em 2007 a 11.000 no ano passado.
 

 
De acordo com especialistas, o aumento do número de delitos no Exército é diretamente proporcional à longa estadia em lugares de conflitos como Iraque e Afeganistão, onde foram registrados 570 mil casos de delitos, um recorde.
O general Ray Odierno, comandante das Forças Multinacionais do Oriente Médio, admitiu que na última década, quando estavam mobilizadas tropas no Oriente Médio, "talvez não estivéssemos focados na disciplina. Às vezes perdemos de vista o espírito militar saudável".
Um relatório do Pentágono reconheceu que em 2012 foram reportados mais de 26 mil delitos sexuais nas instituições militares, tanto entre civis como militares, o que significa um crescimento de mais de 30% em relação a 2010. Para completar o quadro, 18 generais e almirantes foram despedidos, 10 deles perderam seus trabalhos devido a indisciplinas relacionadas a conduta sexual, e outros por corrupção e problemas de alcoolismo.
Martin L. Cook, professor de ética militar no Colégio de Guerra Naval em Newport, estado de Rhode Island, analisou que, na medida em que os oficiais ascendem na cadeia de comando, desfrutam de um maior nível de impunidade, e poucos de seus colegas e subordinados se atrevem a acusá-los.
Meios de imprensa criticam a resposta morna dada pela alta hierarquia militar perante fatos tão graves e recorrentes, o que evidencia a inaptidão dos altos comandos militares para enfrentar o grave problema, afirmou recentemente um artigo da revista Foreign Affairs (Relações Exteriores).
Até a data não foram expulsos oficiais nem servidores públicos civis de alta faixa, não houve reprimenda pública a nenhum general e continuamos sem ver anúncio de medidas punitivas de longo alcance que indicariam que a estrutura militar leva estes problemas a sério, agregou a mesma fonte.

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