No artigo de Elio Gaspari intitulado “Kennedy e a deposição de Jango”, revela: “No dia 7 de outubro de 1963, 46 dias antes de ser assassinado, John Kennedy presidiu uma longa reunião na Casa Branca e nela, em poucos segundos, fez a pergunta essencial a Lincoln Gordon, seu embaixador no Brasil: “Você vê a situação indo para onde deveria, acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?” Gordon mostrou-lhe que esse era um cenário já discutido, porém improvável. Um ano antes o presidente americano pusera no seu baralho a carta de um golpe militar para depor João Goulart. A associação de Kennedy ao golpe está amparada nos fatos mas, ao longo do tempo, pareceu mais fácil jogar a responsabilidade em Lyndon Johnson, seu detestado sucessor.”
Nascido em 10 de setembro de 1913 em Nova York e morto em 19 de dezembro de 2009 em Mitchelville, Abraham Lincoln Gordon foi embaixador dos Estados Unidos no Brasil entre os anos de 1961 e 1966. 
Antes de servir no país, Lincoln Gordon participou do desenvolvimento do projeto Aliança Para o Progresso cujo principal objetivo era o de evitar que outros países das Américas Central e do Sul seguissem o exemplo de Cuba, o país caribenho que, sob a liderança de Fidel Castro, tomou o poder em 1959 implantando a revolução comunista.
Em 1961, a revista Time publicou que Lincoln Gordon havia se tornado o maior especialista em economia da América Latina com quem John Kennedy contava. Seus biógrafos dedicam atenção especial ao papel que desenvolveu no Brasil, relatando que durante o período em que serviu no país, participou intensamente das articulações que derrubaram o Presidente João Goulart, levaram os militares a tomar o poder em 31 de março de 1964, e consolidaram o governo do Marechal Humberto de Alencar Castello Branco.
Os biógrafos também relatam que, em 30 de julho de 1962, John Kennedy e Lincoln Gordon se reuniram no Salão Oval da Casa Branca e discutiram a possibilidade de interferir no processo eleitoral brasileiro. Para isso, os Estados Unidos investiriam 8 milhões de dólares e ajudariam os militares a tomar o poder, inviabilizando a continuidade do governo João Goulart e assegurando que o poder federal não sofreria nenhuma influência ideológica da chamada esquerda.
O historiador James Green conta que em 27 de março de 1964, Lincoln Gordon deu luz verde para que os militares tomassem o poder no Brasil e garantiu que o novo governo brasileiro seria prontamente reconhecido pelos Estados Unidos. Ainda de acordo com James Green, Lincoln Gordon cogitou que os Estados Unidos deveriam mandar armas, clandestinamente, para o Brasil, fornecer combustíveis, e encorajar ações da CIA no Brasil. Para sensibilizar o governo e os militares dos Estados Unidos, Lincoln Gordon disse que João Goulart estaria conspirando junto com o Partido Comunista Brasileiro e, por esse motivo, tanto ele (Lincoln Gordon) quanto os seus assessores acreditavam que a melhor atitude por parte dos Estados Unidos seria a de apoiar o movimento militar do Brasil.



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