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NELSON MANDELA

ONU celebra o Dia Mandela
 
Tata tem 95 anos
 
 
 
Tata, como é carinhosamente tratado Nelson Mandela, escreveu juntamente com o seu povo, ao longo dos seus 95 anos, a história moderna de uma África do Sul sem exclusões.
Ao fim de 27 anos de cativeiro, primeiro na ilha de Roben, depois na prisão de Polismore e mais tarde na Prisão de Victor Verster, Mandela saiu para participar no fim do regime segregacionista do Apartheid e fundar um país moderno ao qual presidiu entre 1994 a 1999
Agora, aos 95 anos, Mandela é talvez a mais consensual personalidade política mundial, mas foi longa a caminhada deste combatente pela democracia que, em 1941, com apenas 23 anos, iniciou a sua intervenção política, ainda como estudante de direito em Joanesburgo.
É já o advogado, defensor dos direitos humanos que, em 1943, inaugura o primeiro escritório de advogados negros, partilhando esse escritório com Oliver Tambo. Assiste à subida ao poder nesta antiga colonia inglesa do Partido Nacional Africano e a institucionalização do regime segregacionista do apartheid, em que 20% da população branca  (proveniente em grande parte da Grã-Bretanha e da Holanda) dominava o restante povo, na sua grande maioria (aproximadamente 70%) população negra autóctone. Este regime, dirá Mandela, «deu má reputação à Lei e à ordem».
Em 1948 é eleito secretário nacional da ANCYL e executivo nacional do Conselho Nacional Africano (CNA) e em 1951 passa a presidir ao ANCYL e ao CNA no ano seguinte. Em 1958 Mandela entra na clandestinidade e é a repressão violenta do regime do apartheid sobre a população negra que leva  este advogado e líder político defensor dos direitos humanos e de um combate político não violento a ponderar a resistência pelas armas. O CNA é entretanto ilegalizado e Mandela preso.
Em 1963 já depois de ser julgado e condenado a uma pena de cinco anos de prisão, é novamente julgado e condenado a prisão perpétua. Na altura Mandela declara em pleno tribunal, num extenso discurso de quatro horas que aquele era «o julgamento das aspirações do povo africano», declarando ter lutado «contra a dominação branca» e também contra a «dominação negra», por uma sociedade «livre, democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e disponham de oportunidades iguais», declarando ainda ser esse um ideal que espera vir a realizar, mas, se for preciso, pelo qual está «disposto a morrer».
Em 1982 Mandela recebe a notícia da morte da sua companheira de luta Ruth First, então exilada em Moçambique, assassinada com uma carta bomba enviada por agentes do apartheid. A crescente violência do regime esconde já a sua agonia. O então presidente sul-africano Pieter Botha vê-se obrigado a negociar com Mandela e recebe Mandela em sua casa, mas é já com Frederik de Klerk no poder que Tata saúda de punho erguido a multidão que aguarda a sua  libertação, corria o dia 11 de Fevereiro de 1990. Cinco anos depois, eleito presidente da África do Sul, Mandela mostrou que continuou fiel ao princípio pelo qual sempre lutou e pelo qual foi condenado: a construção de um país democrático onde todos têm lugar com igualdade de oportunidades. É esta figura enorme que a ONU decidiu homenagear, quinta-feira, dia 18. 
Quando a memória embaraça
Apesar do consenso em torno da personalidade de Nelson Mandela, a verdade é que nem sempre esse consenso foi evidente aos olhos de algumas figuras políticas que na maioria das vezes se colocam no lado errado da História.
Disso mesmo deu conta o deputado comunista António Filipe, quando em 2008 Mandela foi homenageado, por altura do seu nonagésimo aniversário e, na Assembleia da República, os partidos de direita resolveram adiar a votação de um voto de congratulação.
Desde logo, lembraria o deputado comunista, não há muito tempo Mandela deixou de integrar a lista de terroristas dos EUA e também não é necessário um grande esforço de memória para recordar que, quando em 1987 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos a favor, um apelo para a libertação incondicional de Mandela, faltaram três votos para que o apelo fosse consensual na ONU: os EUA de Ronald Reagan, os ingleses chefiados por  Margareth Tatcher e os portugueses governados por Cavaco Silva. A História à vezes «embaraça» diria com ironia António Filipe.

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